LANÇAMENTO DE "CARTAS DE ABRIL PARA JÚLIA"
A poesia de Álvaro Alves de Faria é filha da transparência e da delicadeza. Um princípio morzatiano rege a harmonia luminosa destas albas cheias de encanto para a Rainha Júlia. Dela me tornei súdito leal. Cavalheiro de uma claridade pouco freqüente na poesia de nosso tempo.
Marco Lucchesi
Academia Brasileira de Letras
CARTAS DE ABRIL PARA JÚLIA
Foi mesmo uma tarde de poesia, a do dia 16 de julho de 2011, lançamento de “Cartas de Abril para Júlia”, livro publicado em 2010 em Portugal pela Editora Temas Originais, de Coimbra. A edição brasileira foi feita pelo meu amigo Valdir Rocha, com o selo do Lugar Pantemporâneo, que me honra muito. Muita gente querida. Muitos amigos. Pessoas que não conhecia. A leitura de poemas de Celso de Alencar, Eunice Arruda, Oswaldo Rodrigues e Ronaldo Cagiano. Junto com “Cartas de Abril…” houve a distribuição do pequeno livro “Três poetas portugueses”, da coleção “Alumbramento”, que faço por minha conta para a Editora RG, do meu amigo Reginaldo Dutra, sempre com capa e ilustrações de Valdir Rocha. Desta vez com poemas de João Rasteiro, Rita Grácio e Cristina Néry, da Oficina de Poesia da Universidade de Coimbra, dirigida pela ensaísta e professora da Universidade, Graça Capinha, que assina o posfácio de “Cartas de Abril para Júlia”, um resumo de palestra que fez sobre o livro na Universidade de Extremadura, em Cáceres, na Espanha, em um dos colóquios culturais mais conceituados da Europa. O lançamento foi comandado pela jornalista e escritora Patrícia Cicarelli. Coloco no meu site algumas fotos dessa tarde de poesia feitas pelo meu amigo José Anito, que é um líder comunitário na periferia de São Paulo, quase sempre jogada à própria sorte. O lançamento contou, também, com um telão na livraria do Lugar Pantemporâneo, mostrando ininterruptamente os sete capítulos do livro gravados pela atriz Patrícia Rizzo para a Jovem Pan Online, a TV da Jovem Pan.
A novela poética “Cartas de abril para Júlia”, de Álvaro Alves de Faria, foi publicada em Portugal em 2010, pela Editora Temas Originais, de Coimbra, sendo o décimo-primeiro livro do poeta naquele país.
Esta edição brasileira, com o selo do Lugar Pantemporâneo, traz um ensaio da escritora portuguesa Graça Capinha, doutorada em Literatura Norte-Americana e professora do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas, Seção de Anglo-Americanos, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
O ensaio reproduz palestra que Graça Capinha fez sobre “Cartas de abril para Júlia” em um dos eventos culturais mais conceituados da Europa, realizado em 1 de dezembro de 2010 na Universidade de Extremadura, em Cáceres, na Espanha.
Considerado por Graça Capinha um poeta luso-brasileiro, nesta novela Álvaro Alves de Faria prossegue no seu trabalho que vem realizando nos últimos anos de cultivar o lirismo da poesia de Portugal, bem como sua linguagem e, neste caso, abordando a linguagem em prosa da poesia e da paisagem espanhola da época de Cervantes.
UMA HISTÓRIA DE AMOR
Uma história de amor? Mas histórias de amor não existem mais, garante o poeta. Este “Cartas de Abril para Júlia” não se preocupou com começo, meio e fim. Apenas deixou-se levar pela linguagem à qual o poeta Álvaro Alves de Faria tem se dedicado nos últimos anos, especialmente no que diz respeito ao Lirismo da poesia portuguesa.
Só que neste pequeno romance, o poeta foi além, mergulhado que está nessa nova narrativa que passou a fazer parte de sua literatura poética, a dizer sempre, textualmente, que partiu para Portugal em busca da Poesia que lhe falta no Brasil, fato lembrado por Graça Capinha, da Universidade de Coimbra, em um colóquio cultural em Cáceres, na Espanha, ao analisar esta obra. (Resumo da palestra pode ser lido adiante)
Classificando Álvaro Alves de Faria como um poeta luso-brasileiro, Graça Capinha observou que “Cartas de Abril para Júlia” explora a presença/ausência que a personagem Júlia constrói em um romance pastoril em que os ecos de Cervantes – mas também de toda a grande tradição poética portuguesa, nomeadamente de Fernando Pessoa – se fundem com a memória da memória do poeta e escritor, filho de emigrantes portugueses, que, desde 1998, desenvolve um complexo diálogo com uma língua e uma literatura que é, simultaneamente, a sua e a do outro.
É o que ocorre, no dizer do próprio poeta. Seus últimos livros de poesia publicados em Portugal revelam esse propósito de buscar na terra de seus pais sua própria reminiscência, as raízes de sua vida, o passado cada vez mais vivo a cada obra que escreve com esse envolvimento literário e existencial, cada vez mais presente.
Assim, “Cartas de Abril para Júlia”, que explora a prosa, escrito na primeira pessoa, é todo construído por imagens poéticas de Portugal e, desta vez, entrando, também, na linguagem da poesia e da narrativa espanhola, tendo por base Miguel de Cervantes, lembrando, em vários momentos, o Cavalheiro da Triste Figura, que habita a novela, invisível, mas presente e necessário, na procura do poeta por Portugal, onde está sua raiz mais íntima, sua existência.
“Cartas de Abril para Júlia”, enfim, representa mais um marco nessa trajetória do poeta Álvaro Alves de Faria, no aprimoramento de sua linguagem poética, na construção de sua poesia, fugindo das formas das facilidades e modismos tão comuns nos tempos atuais. As imagens dessa narrativa representam um mergulho na antecedência, onde está tudo, que o poeta se propôs a percorrer e descobrir.
Fotos
Fotos de José Anito