Poeta
Álvaro
Alves
de Faria

Canal do poeta

Prêmio Poesia e Liberdade Alceu Amoroso Lima de 2018

DISCURSO DO POETA ÁLVARO ALVES DE FARIA
NA ENTREGA DO “PRÊMIO POESIA E LIBERDADE ALCEU AMOROSO LIMA”, DE 2018, PELO CONJUNTO DE SUA OBRA.

O “Prêmio Poesia e Liberdade Alceu Amoroso Lima” de 2018, foi conferido ao poeta Álvaro Alves de Faria pelo conjunto de sua obra poética e por sua verdadeira militância em favor da poesia a vida inteira.
A láurea, das mais importantes do Brasil, é oferecida pelo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade – CAALL, unidade da Universidade Cândido Mendes.
A entrega do Prêmio foi no dia 5 de dezembro de 2018, na Sala Marques do Paraná, na Universidade Cândido Mendes.
Adoentado, Álvaro Alves de Faria não pôde comparecer à cerimônia. Foi representado pela poeta Denise Emmer, das mais significativas do país, que recebeu o prêmio e leu o discurso do poeta.
Antes de Álvaro Alves de Faria receberam o “Prêmio Poesia e Liberdade Alceu Amoroso Lima”, os seguintes poetas, pela ordem: João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Marco Lucchesi, Antonio Cícero, Armando Freitas Filho e Leonardo Fróes.

O DISCURSO DE ÁLVARO
LIDO PELA POETA DENISE EMMER

O primeiro poema aos 11 anos. O primeiro livro escrito na adolescência. Nesse tempo eu não sabia o que me esperava no futuro.
Com pouco mais de 20 anos, O Sermão do Viaduto, recitais públicos que realizei em pleno Viaduto do Chá, então o cartão-postal da cidade de São Paulo. Foram 9 recitais e 5 detenções, acusado de subversivo.
O Sermão do Viaduto, o livro e os recitais, foram proibidos.
De repente eu entrei na vida clandestina contra o regime militar. Custou-me caro demais e pago por isso até hoje, no que diz respeito à minha saúde.
Um dia, em 1969, pegaram-me, no meu emprego, no Diário de S. Paulo, dos Diários e Emissoras Associados de Assis Chateaubriand, onde eu fazia um suplemento cultural aos domingos, com um censor decidindo o que poderia ser publicado ou não.
Encontraram-me por meio de uma exposição de desenhos e pinturas que eu realizei no Instituto Graal, dos freis Dominicanos em São Paulo. Descobriram, então, que minha militância incluía também desenhar os cartazes do então clandestino Partido Socialista Brasileiro.
Onze meses de prisão com muita tortura e imensa humilhação. Saí de lá, abandonado na Praça de Sé, com 49 quilos.
A seguir, já depois de meses de recuperação, mas vigiado, a proibição de meu livro “4 Cantos de Pavor e Alguns Poemas Desesperados”.
Nos anos 70, cortes profundos na minha peça “Vida, Paixão e Morte do Senhor Augusto dos Anjos, poeta e Cidadão Brasileiro”.
Utilizei na peça trechos de alguns discursos de Ruy Barbosa, todos censurados.
Também nos anos 70, um tiro na cabeça. Doze dias em coma. Mas sobrevivi. A bala 38 está guardada na minha cabeça até hoje, como uma herança documental de um período que nunca se apagou em mim.
Depois, já no final dos anos 70, a proibição de minha peça “Salve-se quem puder que o jardim está pegando fogo”, que recebera o Prêmio Anchieta para Teatro, da Secretaria de Cultura de São Paulo, então um dos mais significativos do país. A peça ficou censurada vários anos e só foi encenada na chamada “abertura política”. A peça acontecia dentro de uma cela e ordenaram-me que colocasse os personagens num consultório médico.
Uma vida clandestina, de profundo sofrimento, em que perdi a juventude e quase perdi a vida para nada, para viver a amargura que reina no Brasil de hoje.
Por que digo tudo isto?
Porque tudo isto tem a ver com a vida de Alceu Amoroso Lima.
Hoje eu vejo que, com poeta, também tenho uma vida clandestina. Mostro-me escondido de mim mesmo, o que resume a poesia.
O Prêmio Alceu Amoroso Lima Poesia e Liberdade terá na minha vida uma marca para sempre, pelo que ele representou, pelo que escreveu, a sua crença e sua fé. Sempre li Alceu Amoroso Lima, especialmente no que escrevia para os jornais. Nunca pensei encontrá-lo aqui com seu nome num prêmio que recebo pela generosidade de pessoas que ainda existem no mundo.
Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Ataíde, pensador, crítico literário. Homem de visão política tendo ao fundo o Brasil. Membro da Academia Brasileira de Letras, estudioso do Movimento Modernista de 22.
Sua palavra fez dele um símbolo na luta contra os que transgrediam as leis e os que utilizavam a censura para calar as bocas que queriam falar, esse silêncio imposto ao povo após o golpe de 64. Sempre denunciou a repressão com uma palavra certeira.
Recebo este prêmio com seu nome – Poesia e liberdade – o que me enobrece, o que me faz olhar e muitas vezes chorar por um povo que sempre diz sim, que não sabe dizer não.
Observando a triste paisagem brasileira de hoje, as palavras de Alceu Amoroso Lima estão mais vivas que nunca, vivas como um incêndio, como algo que nunca desaparecerá da cabeça dos que ainda conseguem pensar.
Estou profundamente agradecido e comovido também. E quero repartir este sentimento com todos os que me cercam, em nome da solidariedade, da generosidade, do encantamento. Em nome de amigos que perdi para sempre numa luta desesperada. Em nome de uma luta que foi traída. Em nome da poesia ainda possível de sentir na alma do homem, da mulher, da criança, dos bichos e das plantas. Em nome da vida.
                                                                   Obrigado a todos.

Fotos
Acadêmico e Reitor da Universidade Cândido Mendes, Cândido Mendes de Almeida; Professora Maria Helena Arrouchellas, presidente do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade; poeta Denise Emmer; Professor Paulo Alceu Amoroso Lima, filho de Alceu Amoroso Lima.
Mesa que presidiu os trabalhos da premiação, vendo-se ao centro o Acadêmico e Reitor da Universidade Cândido Mendes, Cândido Mendes de Almeida

POESÍA Y DERECHOS HUMANOS

Álvaro Alves de Faria es galardonado con el ‘Premio Poesía y Libertad Alceu Amoroso Lima’, uno de los más importantes de Brasil

El poeta es Huésped Distinguido de Salamanca y desde 2009 participa regularmente en los reconocidos Encuentros de Poetas Iberoamericanos que coordina A. P. Alencart

Álvaro Alves de Faría leyendo en el Teatro Liceo / FOTO: JOSÉ AMADOR MARTÍN

Tras su reciente paso por Salamanca, donde en el marco del XXI Encuentro de Poetas Iberoamericanos presentó el poemario A duas voces / A dos voces, escrito conjuntamente con la portuguesa Leocádia Regalo y traducido al castellano por Alfredo Pérez Alencart y Jacqueline Alencar, en días pasados el destacado poeta brasileño Álvaro Alves de Faria (São Paulo, 1942), recibió en su ciudad una grata llamada donde le comunicaron que acababan de concederle el ‘Premio Poesía y Libertad Alceu Amoroso Lima 2018’, por el conjunto de su obra poética.

Este premio, que se concede de forma bianual, es uno de los más importantes reconocimientos literarios de Brasil y lo han recibido, entre otros, poetas de prestigio como João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Paulo Henrique Brito, Armando Freitas Filho, Marco Lucchesi, Antonio Cícero y Leonardo Fróes. El premio lo recibirá Alves de faria el próximo 5 de diciembre en el Centro Alceu Amoroso Lima de la Universidad Cândido Mendes, en Río de Janeiro.

El poeta es autor de más de 50 libros en Brasil, especialmente en poesía. También es autor de obras de teatro. Otros 19 libros los ha publicado en Portugal, además de los 7 aparecidos en España. Alves de Faria se considera un militante de la poesía desde los tiempos de El sermón del Viaducto, en los años 60, cuando realizó 9 recitales en el Viaducto do Chá, en São Paulo, con micrófono y cuatro altoparlantes. Por este motivo fue detenido cinco veces por la Policía. El Sermón del Viaducto acabó siendo prohibido. Hacia finales de los 70 la censura también prohibió su libro 4 Cantos de Pavor y Algunos Poemas Desesperados. En los años 80 su obra de teatro Sálvese quien pueda que el jardín se está incendiando, que recibiera el Premio Anchieta de Teatro, en su momento uno de los más importantes de Brasil, también fue prohibida de llevar a escena durante ocho años. En 1969 el poeta estuvo preso durante 11 meses como subversivo y por dibujar los carteles del entonces Partido Socialista Brasileño. Tres años después recibió un disparo en el oído, cuya bala todavía está alojada en su cabeza, como herencia de la dictadura militar brasileña.

Los poetas Alencart y Alves de Faria / FOTO: JACQUELINE ALENCAR

PRÊMIO POESIA E LIBERDADE ALCEU AMOROSO LIMA

HUÉSPED DISTINGUIDO DE SALAMANCA

Conceden dos premios relevantes al poeta Álvaro Alves de Faria en Brasil

Desde 2007, cuando fue homenajeado, es invitado especial de los Encuentros de Poetas Iberoamericanos

Alves de Faria en el Ayuntamiento de Salamanca, el año de su homenaje

Octubre de 2007 marcó un antes y un después para la vida y la obra poética del brasileño Álvaro Alves de Faria, una de las voces más significativas de la poesía actual de su país: el reconocido Encuentro de Poetas Iberoamericanos que anualmente acoge nuestra ciudad, coordinado por A. P. Alencart bajo el amparo de la Fundación Salamanca Ciudad de Cultura y Saberes, le tributó un amplio homenaje, publicándole una antología bilingüe de su obra bajo el título ‘Habitación de olvidos’. Desde entonces, el poeta que nació y reside en São Paulo, no ha faltado a la cita anual, salvo en un par de ocasiones y por motivos de enfermedad.

Voz crítica por varias décadas, ahora el conjunto de su obra vuelve a recibir importantes reconocimientos en su país. Los últimos dos han sido el “Premio de Poesía y Liberdad Alceu Amoroso Lima” (en Río de Janeiro) y, más recientemente, el “Premio Guilherme de Almeida de Poesía”, el cual será entregado el mes de junio en sesión solemne del Ayuntamiento de São Paulo. Alves de Faria es autor de más de 50 libros en Brasil, especialmente en poesía. También ha escrito obras de teatro y ensayo. Otros 19 libros los ha publicado en Portugal, además de los 7 editados en España.

Por su especial religación con Salamanca, donde ha publicado varios libros traducidos al castellano, Faria quiso extender su satisfacción por estos galardones con sus amigos y lectores de la capital del Tormes. Y explica: “Siempre fui un militante de la poesía. Siempre di todo de mí. Hasta ahora en mi país viví en función de la poesía, de la cual me torné una especie de disidente, viendo la mediocridad que crece cada vez más en la cultura brasileña, alcanzado a la poesía de manera brutal, con libros inconsecuentes que nada tiene que ver con la poesía verdadera, aquella hecha para la vida del hombre. No estoy generalizando, porque en Brasil existen grandes poetas que, lamentablemente, son víctimas de una crítica y de un periodismo cultural donde prima la sordidez. Por ese motivo, durante 15 años me dediqué a la poesía de Portugal. Fui a buscar en Portugal, la tierra de mis padres, la poesía que me faltaba en Brasil. Tengo la sensación que me salvé. Entonces veo estos dos premios como un reconocimiento a una vida entera dedicada a la poesía seria y honesta en todos los sentidos y principios que la propia poesía exige”.

Faria y Marco Luchessi, presidente de la Academia Brasileña de Letras
Menu