Poeta
Álvaro
Alves
de Faria

Canal do poeta

BORGES, O HOMEM DOS OLHOS MORTOS

Conheço meu amigo Nivaldo Lopes há muitos anos. Começamos nossa amizade quando ele respondia pela Fundação Cultural de Cuririba. Poeta e editor da “Ócios do Ofício”, pela qual publicou três livros meus em Curitiba: uma pequena antologia poética (1996), “Gesto Nulo” (1988) e a primeira edição de “Terminal” (1999). Meu amigo sabia da entrevista que eu havia feito com Jorge Luis Borges em 1976, no apartamento do grande escritor argentino, na Calle Maipu, em Buenos Aires. Tentei essa entrevista por vários meses, num tempo em que uma ligação telefônica para Buenos Aires demorava mais de três horas para ser completada. Borges sempre respondeu-me monossilabicamente, quando atendia. Muitas vezes, a governanta da casa atendia e simplesmente desligava. Até que um dia Borges concordou em conceder-me a entrevista. Fui para Buenos Aires. Achei que ele me atenderia, no máximo, por vinte minutos, talvez meia-hora. Mas não. Encontrei um homem destruído. Esperei na sala escura, de móveis antiguíssimos e peças de prata por um bom tempo, que me soava interminável. Até que Borges apareceu com sua bengala, impecavelmente vestido, caminhando entre os móveis, por um caminho que só ele conhecia. Fiquei assustado. Cumprimentou-me e perguntou por que um “periodista” brasileiro queria tanto falar com ele, exatamente ele que nada mais tinha a dizer para ninguém. Sua mãe tinha falecido recentemente, alguns meses antes desse encontro. Encontrei um homem absolutamente sozinho. O que seria um encontro de meia-hora, acabou sendo de seis horas seguidas, em que Borges falou sem parar e em que, ao mesmo tempo, permaneceu em longos silêncios muitas vezes. Nesse dia fiquei com ele seis horas seguidas e com ele tomei chá, servido pela governanta, uma mulher pequena que usava um uniforme tipo inglês. Borges pediu-me que voltasse no outro dia. Foram mais seis horas de conversa. Fiz 17 fotografias de Borges sentado na sua poltrona preferida. Quando saí de seu apartamento à noite, e já na rua, olhei para o sexto andar e senti uma profunda amargura. Então era aquele um dos maiores escritores que o mundo já conheceu ? De regresso ao Brasil, não publiquei a entrevista no extinto Diário de S.Paulo, dos Diários Associados. Publiquei apenas uma pequena crônica. Um tempo depois, escrevi um texto um pouco maior para o extinto “Folhetim”, da Folha de S. Paulo, quando o editor era Nélson Merlin. Guardei a entrevista por 25 anos, porque tudo que Borges me falou sobre política era favorável à ditadura militar brasileira e à ditadura militar argentina. Minha militância dentro e fora do jornalismo não me permitiu publicar. Vinte e cinco anos depois coloquei a entrevista no papel, em forma de livro, mas não com perguntas e respostas. Escrevi um texto que pode ser lido como um conto, mas com a palavra de Borges, o pensamento de Borges, a angústia de Borges, a profunda solidão de um homem que só tinha o desejo de morrer rapidamente.  Borges vivia com sua mãe Leonor Acevedo de Borges. O escritor permitiu que a governanta me mostrasse o apartamento em que vivia. Vi tudo. E reparei que no grande apartamento havia somente uma cama de casal. A entrevista colocada no papel 25 anos depois foi transformada em livro publicado pela editora Escrituras, de São Paulo, em 2001, com o título “Borges, o mesmo e o outro”. É exatamente aí que entra o meu amigo Nivaldo Lopes, que me procurou com um roteiro para um filme baseado no livro, do qual participo como narrador. Esse foi o segundo livro meu transformado em filme. O outro, um longa-metragem, foi realizado pelos irmãos Werner e Willy Schumann, também de Cuririba, baseado no meu romance “Tribunal”. A versão cinematográfica recebeu o título “Onde os poetas morrem primeiro”. Mas voltemos ao “Borges, o homem de olhos mortos”. No filme, Borges foi vivido  pelo ator de teatro da Argentina Anselmo Orani. E ainda participam dois atores do teatro de Curitiba Anderson Faganello e Emílio Pitta. Meu amigo Nivaldo Lopes permitiu que o filme faça parte de meu site. Coloco no site uma das 17 fotografias que fiz de Borges no seu apartamento na Calle Maipu, na sua poltrona preferida. A seguir, um resumo das realizações em cinema de meu amigo Nivaldo Lopes. E, por fim, o filme “Borges, o homem dos olhos mortos”, para mim um verdadeiro documento feito com absoluta honestidade.

Foto do poeta Álvaro Alves de Faria

Cenas do filme

NIVALDO LOPES – Produtor e Diretor

Na atividade cinematográfica desde 1.980, participou de diversos cursos e oficinas relativos à realização em  cinema. – Produção, fotografia, direção, roteiro, montagem, etc, … Partindo, dentro das possibilidades de produção, para a realização de vários projetos cinematográficos, dentre eles; 15 curtas-metragem, um longa, dois médias Metragem e um DocTV, conforme filmografia. Participou ainda como montador, diretor de produção e assistente de direção de vários outros projetos.

Diretor, Roteirista e Montador

Dentre outros, realizou os filmes:

SENHORAS DAS REZAS E BENZEDURAS – Doc. Digital, 35min. 2011
PRESOS COMUNS – DOCTV IV, Documentário Digital, 52min. 2009.
TENDE PIEDADE DE MIM, SENHOR! Curta 35mm, finalizado em março/2007.
O HOMEM DOS OLHOS MORTOS,  Curta 35mm, finalizado em novembro/2005.
SHABELEWSKI, Curta-Metragem 35mm, lançado em março de 2005. 17min.
MAR PARAGUAYO, Média-Metragem 35mm, lançado em maio de 2004. 29 min.
A LINHA DO TREM, Curta-Metragem 35mm, novembro de 2003, 17 min.
O TRASTE, Curta-Metragem 35mm, lançado em março de 2002, 20min.
LOGO SERÁ NOITE, Curta-Metragem 35mm, lançado em março de 2002, 19min.
PELA PORTA VERDE, Curta-Metragem 16mm, 1997, 12min.
LÁPIS, DE COR E SALTEADO, Curta-Metragem 35mm, 1992, 15min.
QUERIDA MENINA, Curta-Metragem 16mm, 1989, 15min.
A GUERRA DO PENTE, Longa-metragem, 16mm, 1986, 1:20min.
A RUA DA MINHA JANELA, curta-metragem, 16mm, 1982, 10min. 

Projetos em produção:

Maé, Vila Tassi e a Bateria Boca Negra – Documentário Digital – em produção


Participação em outros projetos:

BONSAI – Curta 35mm, 15min., de Júlio Garrido, 2011 – Montagem
Ultralyric´s – Documentário 35mm sobre o Poeta Marcos Prado – co-direção.
O CORTEJO, de Marcos S. Saboia e Joba Tridente, Curta 35mm, Montador.
A MORSA, de Geraldo Pioli, Curta 35mm, Montador.
DEVOÇÃO, de Geraldo Pioli, CM35mm, Montador e Produtor-associado.
TEMPLO DAS MUSAS, de Geraldo Pioli, CM 35mm. Produtor e Montador.
CACHORRO NÃO, CHICHORRO, de Paulo Friebe, CM35mm, Montador.
JENNIFER, de Moacir David, CM35mm , Montador.
MARIA, de Moacir David, CM35mm, Montador.
LALA, de Moacir David, CM35mm em finalização, Montador.
PAREDES, de Estevan Silveira, CM35mm, Produtor-associado e Montador.
SERENATA, de Paulo Friebe, CM35mm em finalização, Montador.
INFERNO, de Geraldo Pioli, Curta 35mm, Montador e Produtor-associado.
BUKOWSKI, DEZ TRAGOS DEPOIS, Vídeo Digital, de Jota Eme, Produtor Associado.
O DIA EM QUE ROBERTO CARLOS MORREU, Longa Digital, de JM, Prod. Assoc.
O ARGENTINO QUE ROUBOU A JULES RIMET, Longa Digital, de JM, Prod. Associado.

O filme - BORGES, O HOMEM DOS OLHOS MORTOS

Do livro

“O Mesmo e o Outro”

de Álvaro Alves de Faria

 

Com

Anselmo Orani

Anderson Faganello

 

Participação especial

Emílio Pitta

 

Roteiro, direção e montagem

Nivaldo Lopes

 

Produção Executiva

Geraldo Pioli

 

Direção de Produção

Carla Pioli

 

Direção de Fotografia

Celso Kava

 

Designer de Som

Alessandro Laroca

 

Som direto

Roberto Carlos de Oliveira

 

Música Original

Marcelo Torrone

 

Assistente de direção e Ass. montagem

Marcos S. Sabóia

 

Ass. de Câmera

Sidney P. dos Santos

Álvaro Archanjo

 

Continuista:

 Lucélia da Silva

 

Edição de Som e Foley

Simone Alves

Eduardo Virmond

Anderson Tieta

Rodrigo Jota

Fernando Lobo

 

Ass. de Produção

Célia Ribeiro Alves

Jota Eme

Sílvya C. Zilá

 

Eletricista

Ivanir Silva

 

Maquinista

Blás Torres

 

Contra-regra

Antonio Marçalo

 

Produzido através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura

Incentivadores

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